O conselho administrativo em empresas familiares

05/01/2022
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O ambiente organizacional brasileiro tem se beneficiado cada dia mais com as boas práticas de Governança Corporativa.

Um dos principais pilares deste sistema de gestão é a instituição de um Conselho Administrativo. Ao apostar em condutas baseadas nos princípios de transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa, tanto empresas tradicionais quanto novos negócios passam a desenvolver suas atividades de forma muito mais sustentável.

Isso por que aspectos como planejamento estratégico e tomadas de decisão tornam-se muito mais eficazes e seguros quando a organização adota políticas de análise e monitoramento de cada um dos indicadores da empresa.

Inclusive, o autor Luís Lobão em seu 3.º  livro sobre Empresa Familiar, o autor aborda sobre quais são as qualidades de um bom Conselho Administrativo.

Mesmo quando em nossa organização não haja um, é interessantes para qualquer CEO ou gestor, entender suas particularidades, para que sua organização possa ter insights e como implantar (caso possível) algumas estratégias.

O papel do Conselho Administrativo

Em linhas gerais,  o Conselho Administrativo deve ser potencializado em suas atribuições e não só funcionar na controladoria e auditoria.

Ou seja, o Conselho Administrativo deveria participar nas reflexões estratégicas e  investimento, bem como das premissas (elaboração da missão, visão e valores), na formulação (análise do setor na tomada de decisões estratégicas), na implementação e no controle.

Importante lembrar que, o Conselho Administrativo deve participar nas decisões a longo prazo, isso porque as decisões atualmente têm se tornado mais complexas.

Portanto, o Conselho Administrativo na maioria das empresas avalia mais o controle financeiro e não a perspectiva da estratégia (fundamental para a criação de valor) a longo prazo e garante a longevidade da empresa.

Além da responsabilidade de avaliar os:

    • processos de controle,
    • indicadores para monitorar o desempenho,
    • conformidade com as leis,
    • pensar nos riscos.

O Conselho Administrativo deve ajudar na ponderação de prioridades de curto, médio e longo prazo, pontos fortes e fracos, bem como no crescimento da empresa.

Cenário atual

Em uma pesquisa recente feita pela McKinsey, 604 executivos afirmaram serem pressionados pelo Conselho Administrativo da empresa por resultados a curto prazo. O problema neste tipo de comportamento é que podem ocorrer algumas falhas como:

    • Independência do Conselho Administrativo;
    • falta de comunicação;
    • ausência de efetividade das auditorias independentes;
    • sistema de remuneração.

É importante sempre ter em mente que competir para ser o melhor não é estratégia, isso porque sua empresa irá trilhar um caminho pelo qual muitos já passaram.

Ou seja, isso não é uma estratégia, trata-se de eficácia operacional.

Uma empresa só faz melhor quando faz diferente das outras potenciais concorrentes! Nesse sentido, o pior erro, é não ter estratégia.

Fique atento e defina uma rota

Uma das estratégias equivocadas é agradar a todos os clientes. É importante que a empresa decida quais clientes e quais as necessidades que devem ser atendidas.

Assim a mudança passa ser uma vantagem. Quanto mais rápido sua organização discernir a mudança, mais rápido ela sai na frente.

Tradicionalmente o Conselho Administrativo ficava na sala de reuniões. Hoje eles estão visitando os negócios, ajudando a pensar onde investir e onde crescer.

Neste sentido é importante também visitar outras organizações e não somente se basear no histórico do desempenho passado para tomarda de decisões.

O Conselho Administrativo pode também ajudar a gerir os talentos, sendo às vezes difícil, mas necessário retirar CEOs com performance ruim para não prejudicar toda a empresa.

É claro que caso o Conselho Administrativo não tenha experiência no nicho, o índice de insucesso pode ser alto.

É importante saber que a vida útil de uma estratégia está cada vez mais curta. Os diferentes pontos de vista e a experiência do Conselho Administrativo pode ajudar na sua formulação.

Dicas:
    • criar um documento apresentando a estratégia que será continuamente alterada e que deve receber sempre receber feedback;
    • se houverem conversas individuais, nos dias de reunião a discussão será mais rica;
    • O Conselho Administrativo deve avaliar a estratégia em três níveis:
      • portfólio,
      • unidades de negócios e
      • atividades de suporte
    • Um conselho pode contribuir para a empresa para viabilizar o afastamento do fundador da empresa, permitir que familiares sejam minoritários ou investidores, visto que nem todos têm aptidão, para melhorar os custos de endividamento e pode aumentar a vantagem competitiva.

A boa governança exige que o Conselho Administrativo saiba acompanhar a performance e o resultado de suas decisões.

Em pesquisas realizadas,  65% das empresas que possuem Conselho Administrativo tem mais de 30 anos e um dos motivos foi o afastamento do fundador, além do planejamento estratégico.

Entre os motivos externos temos:

    • a entrada no mercado de capitais,
    • exigência do banco ou da agência de fomento (BNDES),
    • por conta da legislação (cooperativas, associação), recomendação de instituições, consultorias.

No universo das empresas familiares ocorre um momento em que o estoque de conhecimento interno fica esgotado e a empresa precisa olhar para fora e isso pode acontecer em um momento em que a empresa tem desempenho insatisfatório o que pode piorar a exploração de novas estratégias.

Nessa pesquisa 40% das empresas com Conselho Administrativo está satisfeita ou muito satisfeita com a contribuição deste e 48% por estarem em fase de implantação, a questão deverá ser acompanhada por futuros estudos.

O papel do Conselho Administrativo

O Conselho Administrativo deve ajudar a pensar:

    • riscos e na sua mitigação,
    • oportunidades,
    • vantagens competitivas,
    • métricas para monitorar a empresa,
    • se a estratégia é mensurada e monitorada,
    • combinação do portfólio da empresa,
    • diversificação do mix de produto.

Na questão de liderança o Conselho Administrativo pode avaliar o CEO é correto, avaliando o seu desempenho, sua remuneração vinculada ao seu desempenho e se os executivos da organização são qualificados para suas funções.

Um bom Conselho Administrativo planeja sua composição e sucessão. Devem ter a expertise específica para ajudar o CEO na estratégia no curto e médio prazos.

Eles não devem pensar de forma defensiva e reativa. As indicações para um Conselho Administrativo devem ser transparentes para evitar o desconforto de trabalhar juntos.

Além disso, o Conselho Administrativo deve realizar seu próprio planejamento de sucessão com o tempo correto para assegurar o mix completo habilidades necessárias a estratégia.

Deve também ser pensado nos próximos 5 a 10 anos, com uma visão a longo prazo, porque as habilidades necessárias hoje podem não ser as mesmas de amanhã.

Neste sentido, deve haver uma avaliação para desligar membros ineficazes através de auto avaliação e avaliação pelos colegas.

Estudos

Um estudo realizado durante 25 anos junto a 750 processos de falência identificou a má estratégia como principal razão para o fracasso das empresas. A estratégia apesar de importante não é valorizada no Conselho Administrativo das organizações.

Segundo o instituto de pesquisa Conference Board,  70% das empresas que sofrem uma estagnação de receitas amargam uma queda de mais de 50% no valor de mercado.

A maior parte dessa estagnação é resultado da estratégia.

Quando os negócios de uma empresa vacilam devido a um desempenho inferior, é provável que esse padrão continue por pelo menos 10 anos! Essa informação é incrível porque essas empresas tem todo esse tempo e não mudam a estratégia.

Os líderes devem ter um tempo para pensar na estratégia a longo prazo, alocando pessoas e recursos em locais certos, após analisar as vantagens competitivas e considerando a execução desse planejamento.

E lembre-se: a diferenciação e não a redução de preços o melhor caminho para o sucesso empresarial!



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